A partir
desta segunda-feira (23/7) começa
a quinta edição do Festival da Mulher
Afro-Latino-Americana. O festival, que segue até domingo (29), aborda,
desde 2008, a questão racial, com recorte
de gênero, buscando debates relacionados aos desafios atuais e ao resgate do
histórico de lutas e resistência da mulher negra na América Latina e
Caribe.
Criado em 2008, o
Afro-latinidades reúne na capital federal, seminários, debates, shows, feira de
afro-negócios e homenagens às mulheres negras. Nessa trajetória de quatro anos,
o festival debateu com políticos, artistas e articulações culturais, temas referentes
às mulheres afro-brasileiras. Neste ano, o festival realiza parceria com o Cena
Contemporânea – Festival Internacional de Teatro de Brasília, que dedica sua
programação artística à África e América Latina.
O Festival
Afro-latinidades promove
a reflexão e o debate acerca de temática mais do que necessária para a
cultura afro-brasileira: a juventude negra e a violência urbana.
A escolha
do tema vem da necessidade de discutir os desafios enfrentados por essa parcela
vulnerabilizada da sociedade que, infelizmente, constitui a principal vítima da
violência urbana e tem sido alvo predileto dos homicidas e dos excessos
policiais. No Brasil, a juventude negra encabeça o ranking dos
que vivem em famílias consideradas pobres e recebem os salários mais baixos do
mercado. Encabeçam, também, a lista dos desempregados, analfabetos,
dos que abandonam a escola e dos que tê maior defasagem escolar.
Ainda
serão temas de debates no Festival, a Diáspora Africana na América Latina e
Caribe; Emprego e Renda; Saúde Integral da Mulher Negra; Cultura; Novas
perspectivas para a militância feminista e os rumos do feminismo negro na
América Latina; Identidade e Comunicação;
Orientação Sexual e Identidade de Gênero; Educação e Racismo Ambiental na
América Latina.
“Realizar
o Festival da Mulher Afro-Latino-Americana e Caribenha, para nós, significa
refletir o lugar da mulher afro-descendente no Brasil e os desafios da luta
contra a pobreza e o racismo, aumentando, assim, as possibilidades de dar
visibilidade as mulheres negras da América Latina e Caribe”, comenta a coordenadora geral do Latinidades,
Jaqueline Fernandes. Para ela, os dados que levaram à realização do Latinidades
sob o tema juvenil são impactantes. “A juventude negra
encabeça a lista dos desempregados e dos que têm maior defasagem escolar”,
justifica a coordenadora.
"Nosso
país conta com cerca de 11,5
milhões de jovens negros entre 18 e 24 anos de idade, o que representa 6,6% da
população. A taxa de analfabetismo é de 5,8%. Em média, os jovens negros têm
dois anos a menos de estudo do que os brancos da mesma faixa etária: 7,5 anos e
9,4 anos, respectivamente. A comparação
das taxas de escolarização é um indicador de como o sistema educacional brasileiro ainda
tem muito o que fazer para combater
as desigualdades raciais: a proporção de crianças no ensino fundamental é de
92,7% para negros e de 95% para brancos; no entanto, somente 4,4% dos negros,
de 18 a 24 anos, chegam ao ensino superior; entre os brancos, esse percentual é
de 16,6%”, destaca citando dados do artigo Juventude negra e exclusão radical, de
Maria Aparecida Bento e Nathalie Beghin.
A programação será
distribuída por vários locais do DF, como Varjão, Paranoá, Itapuã, Cidade Ocidental,
Presídio Feminino Colméia, além de uma ação em São Paulo. O objetivo do
Afro-latinidades 2012 é colocar redes, universidades, coletivos e movimentos em
torno no debate do jovem negro, incluindo-se representantes da América Latina e
do Caribe nas discussões. O festival também traz à Praça do Museu da República,
em parceira com o Cena Contemporânea, uma programação musical destacando os
sons afro-latinos contemporâneos".
Vale lembrar que o Festival
é também para consolidar o Dia Internacional da Mulher Afro Latino
Americana e Caribenha, 25 de julho, criado em 1992. Um marco internacional da luta e da
resistência da mulher negra.
O Festival está em sua 5ª edição e para conferir a programação e demais notícias a respeito e baixar a publicação livro Latinidades é só clicar no link: http://www.afrolatinas.com.br.
Nenhum comentário:
Postar um comentário