É o nome do documentário de Silvio Tendler. Um filme dedicado a elucidar o cidadão brasileiro sobre o escândalo dos agrotóxicos no Brasil, com depoimentos de agricultores, representantes de consumidores, representantes de multinacionais e da ANVISA, nossa agência nacional de vigilância sanitária. O Brasil é lamentavelmente o país que mais consome agrotóxicos no planeta.
O que mais incomoda no entanto é a total ingenuidade ou mesmo falta de interesse com que a população brasileira trata do assunto. De certa maneira representa uma maneira de pensar que ainda vem do autoritarismo. Algo do tipo "se o governo aprovou é porque deve ser bom". E isso não tem nada a ver com a realidade.
A indústria de venenos agrícolas conta com a nossa ignorância para aprovar, com o aval de congressistas e do alto escalão do poder executivo, substâncias de alto poder de toxicidade e proibidas no resto do planeta, para serem despejadas em nossos alimentos. Um cálculo, dividindo a quantidade de agrotóxicos usadas no Brasil pelo numero de habitantes, gera o número assustador de 5,2 litros de veneno per capita.
Em uma bandeja de morangos encontraram-se 18 tipos de agrotóxicos!
Encontra-se em andamento a Campanha Nacional contra os Agrotóxicos e pela Vida, que busca a proibição de, entre outras coisas, pulverização aérea de agrotóxicos. Essa prática é um absurdo e está levando populações inteiras do interior a uma contaminação das vias aéreas e doenças respiratórias. Essa campanha também busca assinaturas para cancelar os benefícios concedidos pelo governo à indústria de agrotóxicos, isentando-os de todos os impostos. Essa ótica perversa privilegia tais produtos, isentando-os de taxas, como se fossem os venenos algo benéfico ou mesmo estratégicos.
A medicina se pronuncia e o Conselho Regional de Medicina de SP recebeu em sua sede a palestra do Dr. Michael Jansen, cientista da FDA (ANVISA americana), quando foram debatidas as ações dos agrotóxicos sobre a saúde humana da forma aguda ou crônica. Os presidentes das Sociedades Paulista de Endocrinologia e Neurologia confirmaram os achados clínicos descritos nos EUA e fizeram paralelo com a situação no Brasil.
Estamos sob esta ameaça. O veneno está na mesa. Este é o nome do documentário. O consumidor brasileiro deve assumir que é peça principal na desarticulação desta rede de interesses, para a qual nossa saúde nada conta, menos ainda a saúde da terra. Para eles o que vale são os lucros, o dinheiro gerado pela produção..
Devemos optar pelos orgânicos, fazer feiras orgânicas locais, valorizando o produtor familiar e permitindo que ele venda diretamente ao consumidor. Nós temos esta força estratégica e logística que vale mais que armas. Usemos nossa escolha pelo orgânico como o caminho para a libertação do estado de doença crônica que assola nossa população.
Fonte: Dr. Alberto Gonzalez - www.dralberto.com